Eu tive um amor de conto de fadas.
Uma única vez na vida eu tive certeza de que naquele abraço nunca deixaria de caber meu pranto. Dizer que o amor acabou é muito cruel, eu acredito que o amor é como a energia: nunca se dissipa, sempre se transforma. E deixou de ser aquela delícia prioritária e caimos na balela de sermos dois indíviduos ao invés de sermos um casal. Fizemos o caminho inverso, começamos pelo fim. Findou, não o sentimento, a relação, como disse, o amor se transforma. Separados, seguimos caminhos que já havíamos passado e como não tinham aquele sabor do que foi entre nós, acabamos buscando nosso abraço, mas a reminiscência do que era, ficou só na memória, não conseguimos praticá-los. Medo, covardia, comodismo, estupidez? Talvez! Na hora do amor a intensidade ainda era incomparável, mas depois dela, ficava vazio. E o bom do amor é se estender pelo dia afora. A gente faz as coisas pensando no outro, das maiores às menores, desde comprar o que comer e pensar se ele vai gostar, até que casa comprar.
Eu briguei, chorei, cobrei, discuti, desisti! Não do amor, mas daquele amor. Passou, hoje é o carinho do meu amor de cinema e só. A racionalização do amor é dolorida, mas às vezes é inevitável.
Peguei uma foto nossa que estava perdida numas anotações antigas e fiquei olhando fixamente. Percebi que o amor havia deixado de ser. A sensação que brotava em mim ao simplesmente ver sua imagem, passou. Eu tive no coração uma sensação parecida com a de ver a mim mesma numa foto na época de escola, por exemplo. Aquela saudade momentânea, gostosa, mas sem saudosismo, pois eu sei que vivi tudo à exaustão. Guardei a foto no mesmo lugar, pedindo que ela se perdesse, não que isso me causasse dor, mas é que eu quero reencontrá-la daqui a mais uns anos e ter as lembranças de novo.
Eu entrei no trem, enquanto ele partia, ainda lento, pousei nos degraus, segurei o balaústre, olhei quem fora meu amor um dia, acenei e gritei a plenos pulmões: "Eu te amei!" Uma lágrima aliviada correu pela face feliz.
Fomos um, mas agora o melhor é que sejamos dois e desde então, voltamos para nossas vidas separadas.
Parabéns amiga acho que e melhor forma de se conhecer e saber relatar a si mesmo com êxito
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