terça-feira, 5 de abril de 2011

Um sorriso, um coco, um choro e um vestido amarelo.

Hoje o dia passou todinho com aquela chuva fina. Foi um dia ruim para mim: experiência ruim, notícia ruim, mas se tem alguma plateia sádica no show da vida esperando eu me entristecer para aplaudir de pé, está  enganada. Dizer que eu passo incólume por isso tudo também é demais, eu sinto sim, mas podem me chamar de boba da corte, aquela que quer rir até em meio à desgraça, mas 'desgraça' é só uma questão de prefixo e meu talento é sorrir. Eu dei um sorriso pro dia de hoje e tratei feito criança que fez uma bagunça boba. Sei que dá para arrumar. A gente vai levando, cada um do seu jeito. O meu é ficar em casa, dar uns gritos loucos e rir da zorra total que foi o dia quase que num rendez-vous, mas até aí alguém tira proveito. Eu quero tirar o peso do dia fatigado e sorrir para a neblina da manhã que está por vir inocente e alheia ao que o ontem me fez. Eu fiz doce de panela e fiquei com a boca grudando com o melado que juntou o coco. O dia passou num turbilhão como num filme. Quando petrifiquei com os choques, pus música. A música é meu melhor relaxante. Pus os fones em meus ouvidos e vim olhando pela janela da van. Deixei entreaberta e senti as gotas de chuva no rosto. Tive vontade de chorar e nem sei se chorei, sei que escorreu pelo rosto, se era chuva de dentro ou de fora, isso eu nunca vou saber. Meu riso sabe, mas não quis falar. Ele apareceu tímido e meio sem força, se mostrou para mim e sussurrou atrapalhado com o peso de seus dentes: "Vai passar. Isso também vai passar." Eu já andei muito nessa vida de meu Deus e no lugar de achar que as pernas estão cansadas eu prefiro dizer que estão fortes e treinadas por tanta caminhada. Às vezes eu as deixo descansar, mas sempre determinando o prazo para que voltem ao trabalho. Quando as coisas não vão bem, eu fico fantasiando bem na hora de dormir,  cheia de sono e brinco de montar meus sonhos. Hoje eu vou pôr um vestido amarelo e correr pela praia com meu cachorro, pode ser só no sonho, porém o sonho é parte de mim e eu estarei lá, sem o corpo, só a alma sorridente. Por que amarelo? Minha cor favorita. É uma cor que passa sorriso, eu não sei o motivo, sempre foi minha predileção. O corpo está achando que é velho e cansado demais para essas coisas fortes, por isso eu fiz o beijinho, para lembrar para a língua que a gente já foi criança e criança cai e levanta até aprender a equilibrar a bicicleta, é fazer sem cansar, é fazer até saber e depois fazer pela felicidade de ter aprendido e desfrutar o gosto daquela conquista particular. A língua então calou e agradeceu pelo doce. 

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