segunda-feira, 28 de maio de 2012

Peito para dar de mamar

Hoje eu me dei conta que há tempos eu não faço uma refeição inteira. Eu estava esquentando o almoço, minha mãe chegou e se ofereceu para dar banho no meu príncipe enquanto eu comia. Enquanto ela o vestia, ele começou com aquele choro miado que é o de fome... Passei uma maionese no pão, pus um suco num copo pequeno e engoli em menos de dois minutos contados em relógio. Minha mãe veio com ele no colo para me entregar e quando me viu comendo daquela forma, riu e disse: "É, minha filha, ser mãe é isso." Sentei correndo, pus o seio para fora e ele começou a mamar. Pronto! Minha fome passou. 
É uma das melhores sensações do mundo ser a fonte de alimento de um filho, não dá para explicar! É uma heresia ler ou ouvir por aí que certa mulher não quis amamentar para que os seios não ficassem caídos. Eu tinha muito desse medo, não que eu achasse que não fosse amamentar, mas tinha o receio de quão flácidos ficariam. Eu estou com um maior do que o outro, pois meu bebê prefere um deles. Por mim, que fiquem murchos, que batam nos joelhos, que pareçam saquinhos de sacolé usados porque eu percebi que quando a causa é nobre, as cicatrizes são medalhas de honra ao mérito. E para quê são feitos os peitos senão para dar de mamá? A felicidade de se ter um filho deixa tudo o mais pequeno.  Entre fraldas, seios, noites não dormidas e refeições não comidas, percebi que felicidade é bem mais do que propaganda de margarina onde tudo é em ordem e perfeito, pois com todos esses detalhes que seriam tenebrosos, nunca estive tão radiante.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Para sempre inconstante

São tantos planos, tantas organizações e quando vejo, quase nada sai à maneira que eu quis. Algo sempre foge e fica maior, diferente. O planejamento é uma forma de controlar o medo, daí tudo muda e por pequenos instantes eu paraliso. Depois vem uma força de eu nem sei onde, invade tudo em mim e me impulsiona para a melhor solução. Sei que no fim, tudo dá certo e vejo que aconteceu do melhor jeito possível. É que na dificuldade vem o improviso, o raciocínio rápido, o exercício da inteligência, do reflexo e o crescimento. Mesmo sabendo que a vida é incontrolável, eu ainda tento, só que agora com a consciência de que provavelmente não será conforme a cartilha. 
No fim, no meio e no início, eu sorrio. Sorrio para as adversidades e até já fiquei amiga delas. Às vezes a gente briga, ela me pega muito com as calças curtas, mas depois a gente senta e ri de tudo porque vejo que lição ela me trouxe. É que durante a lição, ela não pode dizer seu propósito. Ela fica só observando se eu vou aprender, tomar nota e há muito eu parei de ignorar e passei a absorver.
A vida é assim mesmo, tem vontade própria, o para sempre dela é inconstante, muito diferente do nosso. E como é para ser vivida, é aceitar e aproveitar o que ela tem de melhor. Então, só se tem a ganhar.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

É a força do amor de mãe

Meu cabelo anda num eterno coque, nítido que não anda penteado. As olheiras deixaram de ser algo leve e estão em degradê de cores que eu nem sabia que existia para elas. Sobrancelhas precisando ser limpas, flacidez pelo corpo, uma barriga meio inchada e meio murchinha. Os seios pesados e com veias tão verdes que o deixam com aspecto feio de melancia. Os banhos andam curtos, bem diferentes daqueles antes que eram preocupados com a estética, agora é só para limpar mesmo. Os dentes, a mesma coisa. Nada de procurar pela brancura e sim, sentir a boca limpa e pronto. Os cremes por esses dias foram deixados de lado. Coisa que se eu contar, ninguém acredita. As refeições começam quentes, abandono e quando volto, termina de comer já gelada. As unhas já nem existem mais, debaixo de tanta pele só são lixadas, cortadas e escovadas. Estou com uma aparência de adoentada e ainda assim estou linda. Nada convencional, estou uma pessoa linda. Noites mal dormidas, criança chorando e acordando de duas em duas horas, dor nos pontos inevitáveis do parto, dor na tal da bacia que não volta ligeiro pro lugar e a todo instante parece que vai "transbordar". É que em meio a tudo isso há um gigante. Um gigante de 52 cm. Uma preciosidade que eu pego nos braços e ainda tenho dúvidas se fui eu que fiz mesmo, se é realmente meu. 
Quando o corpo pensa em desistir, se entregar ao cansaço, ter saudades do tempo que o cuidado era só com ele, eu dou um cheirinho na cabeça do meu neném, olho ele dormir e o vejo sorrir sonhando e pronto, é uma recarga nas energias que não tem tamanho. O bercinho dele ficou no quarto de minha mãe e na noite passada, com os pontos doendo muito, não sei como, quando ele deu um choro, pulei do meio da cama direto para o chão. Não cheguei nem a me posicionar na beira. É a força do amor, é a força do amor de mãe. Ver que, mais do que nunca, a beleza vem de dentro. Hoje eu sou linda porque o melhor de mim saiu e tem os olhos de jabuticaba que prendem toda a atenção. O melhor de mim tem como voz só o choro e com ele consegue tudo o que quer. Agarra meus seios para se alimentar e suga, machucando, mas toda dor fica pequena ao ver que ele adormece em meio às mamadas e suspira profundo. Quem está dando os banhos é a vovó e ele já conhece minha voz e se chego e falo alguma coisa, ele faz manha e ensaia um choro. Agora ele está dormindo e a noite é curta. Acorda de duas em duas, três em três horas no máximo. Só que olhar no relógio e ver que dei conta de mais um dos primeiros dias, traz uma força tamanha e, de novo, me faz linda, no ser.