quarta-feira, 30 de março de 2011

Minha doçura

Eu larguei de mão escrever por um tempo. Deixei os problemas que me cercam me abalarem de tal maneira  que deixei de fazer uma das coisas que faço melhor e me faz tão bem. Estive pensando em quais momentos eu poderia ver que a vida valeria a pena. Lembrei de você. Senti um amor que preencheu meu peito e sorri feliz. Lembrei que havíamos brigado e passado um tempo sem nos falar.  Lembrei daquela sexta-feira, as conversas e o abraço antes de você ir embora. Fiquei tentando achar palavras bonitas para  caber naquele abraço, mas toda ficaram pequenas. A única coisa que me vinha à cabeça era totalmente pueril: a sensação de tomar um banho e deitar na roupa de cama limpinha. Sabe assim?  Essa coisa gostosa que parece que conduz nosso sono aos sonhos mais gostosos.
Depois fiquei pensando: se eu declarar um amor  assim na rede não ficaria estranho? Tive receio, pois o amor tem sido propagado como algo ligado diretamente ao sexual, mas para mim amor é uma coisa e sexo é outra e resolvi falar ainda assim.
Amor é princípio básico da vida e eu acredito que eu ter me aberto a viver e ver as coisas através do amor foi o que possibilitou nossa reaproximação. 
Quis encontrar um apelido fofo para descrever você, mas o seu apelido já é uma doçura, Mel.
Um beijo! 

sábado, 19 de março de 2011

Uma estrela lilás e maior que o Universo

Hoje eu lembrei do seu choro copioso em meu colo.
Ouvi seu soluço entre as palavras que escorriam pelas lágrimas.
Surpreendentemente brotou uma água em meus dedos. Era a lembrança de minhas mãos tentando conter seu pranto.
Depois do pranto, trocávamos de bem e fazíamos amor. Tenso, quente, intenso e suave.
Os olhos com luzes que mais pareciam feixes tirados dos raios do Sol.
Os abraços me passavam a sensação de entrar no mar gostoso num dia quente de verão.
Os beijos, o sabor de um doce de comer e misturar os sentidos.
Saí desse transe e olhei para dentro da minha alma com os olhos do coração.
Comecei a me perguntar o porquê desse passeio pela memória mais doce da vida.
Pensei na distância, entendi a saudade.
Tentei lembrar em quais dias você visitou meu pensamento. Achei mais fácil o inverso e não lembro de um dia sequer em que você não tenha sido parte do melhor da rotina.
Combinei com Deus que você despovoaria meu coração. Ele disse ser simples: basta que eu Lhe dê em sacrifício uma estrela maior que o Universo e lilás.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Voltemos ao começo

A vida oscila entre fases boas e más. Todas dependem diretamente do que a gente faz ou deixa de fazer. O que fazemos aqui hoje, nunca poderemos saber se para aqui ou continua. Uma palavra dita, um tapa dado, um beijo num momento de aflição pode se perpetuar noutro alguém sem que imaginemos tal proporção. Circulam por aí clichês como 'Plantar  o amor para colher o bem', pois nada mais são do que o produto final da lei de ação e reação. Então, não precisa ser religioso ou nada disso. É uma ciência! Só que na vida nem sempre o retorno é igual e contrário, pode ser maior, pois o que fazes ao outro, além de despender determinada energia, soma-se ao que a pessoa traz consigo. Pode isso nunca parar, mas tenha certeza que volta para quem o fez primeiro. Eu acho que sempre maior, porque vem acrescentado de uma bagagem de todas as pessoas pelas quais passou...
Imagine então, se ao invés da agressividade peculiar a esses tempos velozes e vorazes, distribuirmos, com mesma intensidade, beijos e amor (Sim, sou piegas!). Acredito na fábula do beija-flor e a repito para mim todos os dias, internamente. Aprendi que tenho de ser a mudança que quero ver, pois a vida começa em mim e se expande e não o contrário.
Mesmo sozinhos podemos disribuir o amor que trazemos conosco. Pelo pensamento! Podemos emanar toda e qualquer vibração que trabalharmos em nós, basta que ponhamos nela toda a força do pensamento, até cansar, mas quer saber? Não cansa! Cada  vez que distribuimos o bem, ele vai e volta, numa dança de bumerangue e vendo o bem crescer, sorrimos... E nesse sorriso há uma luz divina que passeia por todo o ser e se expande em tudo à nossa volta. Sejamos passivos mesmo que taxados de bobos, eu prefiro ser a boba do que aquela que magoou. Mágoa é uma palavra que eu julgo perfeita ao que nomeia. Só de falar mágoa, parece que dá para sentir um amargor na boca.
Tem hora que dá vontade de desistir e embarcar de volta ao corriqueiro, mas eu repenso em como aquilo retornou a mim e viver num mar de amarguras não dá. Vou nadar contra a corrente e atingir o lençol dágua e dali, conseguirei ver que nunca havia bebido água mais límpida. Esse sabor nos faz ver que o princípio era puro, a gente no caminho que polui.
Voltemos ao começo e trabalhemos para que tal pureza prevaleça da nascente ao deságue para que possamos enxergar tudo o que nos é dado durante o curso da vida, voltemos ao amor.

terça-feira, 15 de março de 2011

Só não dá para ser coisa alguma sem você

Rio de Janeiro,16 de janeiro de 2008.

O que você mais quer?
Me diz que me transformo e lhe dou.
Você quer meu amor ou minha dor?
Uma coisa assim contida ou totalmente sem pudor?
Você quer brincar ou brigar?
Quer fazer ou só sonhar?
E aí? O que vai ser? Decide!
Decide se me soma ou me divide. Me acaricia ou me bate. Me faça viver ou me mate.
Vamos fazer o dia! 
Faremos um dia santo ou um sábado de carnaval?
Vai querer um domingo e um sol ou uma quarta-feira e um temporal?
Vamos ficar a sós ou no meio da multidão?
Pode me dizer um sim, mas prefiro seu não.
Vou me perder e lhe achar na sua confusão.
Vou lhe fazer chorar e mais ainda sorrir.
Agora vamos transar, logo mais vamos dormir.
Você decide o que fazer.
Por mim, faço qualquer coisa.
Só não dá pra ser coisa alguma sem você.

Sigo te amando

Tentei não falar de amor, ser engraçada, falar de coisas corriqueiras, mas por quê não? Acho que o medo todo sobre falar de amor é de ficar vulnerável. É aquele temor de ser descoberta e alguém achar que é bobagem. Depois eu vi que bobagem é tentar esconder. Não que declarar um amor vá fazer com que os sinos toquem, e nos encontremos, e casemos como num conto de fadas, mas é ter certeza de que tudo ficou claro. Entendi o que quis dizer o maior poeta de minha  geração em: "É que eu preciso dizer que 'Eu  te amo', te ganhar ou perder, sem enganos." Essa coisa toda de ter feito sua parte e por mais que a resposta seja um não, ela poderia ser um sim e a gente só sabe perguntando. Às vezes bate aquele arrependimento de ter dito e a coisa não ter saído exatamente como no sonho, mas tudo bem. Hora de sonhar outra coisa então ou quem sabe sonhar a mesma coisa e dizer para si mesma que é  só uma questão de tempo. Sabe o quê não ajuda?  Quando eu estou sofrendo pela falta do meu amor que se foi e alguma amiga diz: "Você é tão nova e bonita. Daqui a pouco aparece outro amor..." Por acaso meu coração é de papel e o amor um lápis fraco que basta apagar para escrever outro? Eu sinto como se meu coração fosse uma seda branca e brilhante e o amor aquela tinta permanente que não há o que apague. Impossível ter outro amor? Não, mas eu ainda estou sentindo aquele. Nessa vida de tudo ao mesmo tempo e para ontem eu sinto uma gana por resolver o mundo e eu não sou assim. Acho que tenho uma marcação mais lenta. Fiquei sem vergonha e falo do meu amor e declaro mesmo sabendo que a resposta é não, nem ligo. Há de ter reciprocidade numa relação, no amor não.  Amar é individual! Claro que é muito mais gostoso  ser amado de volta, mas nem sempre isso acontece ou acontece num tempo que a gente não entende. Eu desisti de entender... E banco a boba mesmo. Ligo, mando mensagem, e-mail, escrevo na internet para que todos vejam e saibam que eu amo. Vergonha de quê? De amar? Não de novo. Dessa fase eu já passei... Fico à espera de um dia o amor que sinto cansar e ir amar outro ou de preencher aquele que é meu amor e ser amado de volta. De todo jeito eu ganho, por enquanto, eu escrevo e sigo te amando.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Sobre o tempo que eu sempre dei

Eu falava de mais! Depois de ter sido fechada como uma ostra, eu decidi falar tudo o que me vinha à cabeça, pois como era extremamente fechada, deixei de me posicionar em coisas da minha vida. Por não falar, as pessoas deduziam o que eu queria ou deixava de querer. Resolvi gritar meus quereres pro mundo, porém nem sempre os ouvidos estavam aptos a receberem meus gritos. A vida passou como uma avalanche enquanto eu gritava. Era como reger uma sinfonia, mas eu gritava como fosse para uma bateria de escola de samba. Fiquei sem voz, perdi o rumo e tive de aprender a sussurrar. Encontrei meu volume e entendi que com alguns eu tenho de gritar, com outros, falar e com muitos, calar. Estou em recesso interno e há uns dias atrás eu ouvi, numa conversa, que eu falava de menos. Respondi que tudo tem seu tempo, pois ali não era o momento nem lugar para aquela prosa. Percebi que meu  posicionamento foi certo, eu fui cobrada, pois a pessoa está ansiosa por uma resposta. Nesse instante, aprendi também que eu tenho de parar de querer agradar a todo mundo. Com meus gritos, feri demais e depois fiquei louca querendo agradar a todos. Impossível. Entendi também que além de me fazer clara aos corações que me cercam, eu tenho de atender ao meu próprio. Não dá para esquecê-lo nem abafá-lo para que um outro coração solte sua voz. É preciso ouvir o meu, pois é a partir dele que eu sou o quê quer que seja. Eu estou precisando de um tempo para mim e as pessoas têm me cobrado o tempo que eu sempre dei, mas eu não tenho agora para dar. Esse tempo para mim é justamente para o refazimento do tempo que sempre me foi abundante. Tenho de recompor. Sei que nesse caminho posso perder muitos corações, mas tudo bem, eles não me pertencem, são de quem os carrega, eu sou só visita. Se eu não consigo respeitar meu próprio tempo, como posso respeitar o do outro? Tudo começa dentro de nós. Não me importa parecer uma velha ao ficar em casa durante os finais de semana. Preciso abrir um vinho e conversar comigo, falar sozinha, olhar as marcas da vida que apareceram no meu rosto e eu nem me dei conta enquanto gritava. Fiquei pensando quais tratamentos estéticos estão ao meu dispor para suavizar as marcas do tempo. Olhei a casa, bem bagunçada. É que com a necessidade do tempo para mim, aquela loucura da faxina ficou adormecida. Incomodei-me com a zona, arrumei algumas coisas, mas depois rendi-me a um bom banho. Voltei ao espelho, passei alguns cremes esquecidos porque eu não reparava há muito meu rosto, usei-os novamente, senti-me bonita. Sorri e pensei estar ficando senil, em casa, falando sozinha. Quando dei por mim, havia se passado algumas horas. Foi um tempo muito bem gasto... Quis gritar de novo, dividir a minha  conversa com mais alguém. Depois me dei conta que seria taxada de maluca e esse papo não caberia na conversa mais honesta que já tive. Pus uma roupa de dormir bonitinha, lembrei que tive um amor que sempre elogiava quando eu a vestia, senti-me bem naquele instante e vi que havia sim divido aquela conversa com todos, pois eu sou a junção de mim com as pessoas que estiverem e estão em minha vida, logo, todos conversaram. Não exatamente suas novas versões, mas as versões que ficaram em mim e serão para sempre. Não me importa o tapa que alguém me deu na saída, eu prefiro guardar o doce beijo da entrada.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Minha velhice

Dizem que momentos antes da morte a vida nos passa pelos olhos num 'flash'. O espírito é imortal, mas eu já me peguei pensando: "E se eu morresse hoje?" Eu ouço muita gente dizer que tem medo de morrer, eu  teria  de não viver. Tenho 24 anos e quando eu falo que estou velha, as pessoas pensam que é alguma brincadeira com minha juventude, mas não é. Tenho alguns amigos que vivem para chegar o final de semana e se lançarem em boates, casas de sows etc. Nem me perguntem sobre o etc! Não que eu não saia, mas assim, para um show, um samba, cinema, teatro, viagens. Essas coisas de meia-idade. Fica difícil me relacionar com pessoas da minha idade biológica, tive de descobrir minha idade espiritual, ela é bem maior.
A juventude parece mais valiosa que a própria vida. São veiculadas propagandas para crianças com meninas numa faixa de 10/12 anos com adereços e forçando pose de mulher, e pessoas já com certa idade com cabelos grisalhos brincando de jovens.
Às vezes eu penso que esse apego à juventude é medo da velhice porque é a última fase da vida. O natural é vir a morte depois. Já eu fico doida para envelhecer! Eu quero ser vó, sentar numa varanda do subúrbio e ver os netos correndo, batendo portão, me enlouquecendo e, com tudo isso, meu coração sorrir. 
Minha casa é como se fosse um pedaço de mim e não dá para eu ficar longe tempo de mais. Sou muito caseira,  porém ninguém acredita por conta da minha extroversão. Eu sonho em ficar velha. Não tenho medo do corpo ficar molinho, o cabelo sem a cor de antes, a visão turva. Eu tenho medo é de não ter tudo isso.
Eu fico criando historinhas na minha cabeça feito criança e penso se morrer jovem é, de fato, ter a juventude eterna, eu acho que é perder a sabedoria da velhice. Sei também que nada acontece exatamente como planejamos, mas acho que fazemos para nos agarrarmos à vontade de viver e fazer acontecer. Tenho consciência que Deus tem razões que eu sou pequena demais para entender, mas quem nunca se pegou perguntando o porquê de certas coisas? Faz parte da pequenês!
Eu ainda tenho de escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho como alguém já disse, mas será que não fazê-los implica diretamente em não ter vivido ou ter vivido diferente? Essa resposta eu ainda não tenho...

sábado, 5 de março de 2011

O tal do Marley...

Às vezes parece que a garganta dá um nó forte com uma lágrima. Ela não sai de jeito nenhum, fica ali no caminho. Ontem eu quis chorar e não conseguia, uma agonia, uma coisa presa.
Tem um filme que posso ver na mais extrema felicidade que eu choro, Marley & Eu. Eu não sei se choro porque ele  morre, porque as pessoas sofrem, porque eu lembro de um cachorro que tive e foi muito amado e morreu na minha frente ou por tudo junto. Acho que é por tudo junto. Já vi esse filme muitas vezes e acho que continuo vendo, pois eu tenho a esperança de que ele não morra. Toda vez coloco o filme e digo a mim mesma baixinho: "Dessa vez não vou chorar!" Até parece... Cada vez que o vejo subir a escada e parar no meio, cansado, começo dali e não paro. O filme acaba e eu continuo chorando, desligo tudo, ponho música e continuo chorando. 
Pronto! Desfiz o nó da danada da lágrima.
Eu tenho vergonha de chorar, de rir não, tenho uma gargalhada escandalosa, mas chorar... Em casa sozinha, pois moro só, às vezes me pego prendendo a voz do choro com vergonha. Vergonha de quem? De mim mesma. Eu sou quem mais me critica e deixo, por isso, de viver muitas coisas.  Medo de me desaprovar.
Ontem eu me desobedeci e chorei, e chorei, e chorei... Deixei a voz do meu choro ecoar pelas paredes solitárias da minha casinha. Quando fui ao espelho, com os olhos inchados, me deparei comigo e disse que eu não imaginava o quão patética eu era de chorar assim. Eu disse: "Deus lhe deu um sorriso bonito e não belas lágrimas, então, sorria. Sorria  e largue mão de coisas imaturas como esse choro quase infantil." Tomei um banho, sequei as lágrimas, pinguei colírio e fui dormir.
Eu posso enganar a quase todos com as minhas mentiras, mas a mim mesma não dá. Não dá para eu  me dizer que aquelas lágrimas foram só pelo Marley, elas vieram de muito além de mim.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Feliz por quê?

Rio de Janeiro, 22 de julho de 2010.

Hoje eu vim no ônibus sem meus óculos escuros. O Sol me cegava. Eu tentava ler o livro e o Sol "atrapalhando", meus olhos ardendo, lacrimejando, eu fiquei irritada e... me rendi. Fechei os olhos e entendi. O  Sol era a luz para eu ler as letras da história melhor.
Quando eu cheguei ao jardim do méier, parei a leitura, levantei os olhos e vi uma família de moradores de rua, pai, mãe e um filhinho de mais ou menos quatro anos. O pai, com o filho nos ombros, brincava e o menino ria feliz e a mãe olhava e ria, e ria, e brincava com eles mesmo sentadinha. Eu sorri do ônibus e me peguei pensando se eles teriam motivos para serem felizes. Sem casa ou comida ou carro. Tinham! O filho tinha o amor do pai, amor tamanho de brincar na rua, mesmo sem ter uma casa com portão para ir lá esperar esse pai chegar  do trabalho, mesmo sem brinquedos,  mesmo sem ter tomado café. E o pai tinha paixão em brincar com aquele filho que é pleno de amor. Não consegui retomar a leitura pelo resto da viagem. Fiquei com vontade de descer do ônibus para brincar com eles, mas vim trabalhar e minha parte na brincadeira é falar sobre isso, escrever sobre isso e não esquecer disso, nunca.