segunda-feira, 16 de abril de 2012

Amor de Deus

Vim caminhando pela vida e, inevitavelmente, acumulei sonhos. Alguns eu alcancei, outros não, alguns outros não se encaixavam mais na pessoa em que me tornei. Bom da vida é que cada vez que Deus lhe tira um sonho, Ele põe algo ou alguém para ocupar aquele espaço. Muitas vezes a pessoa não cabe, pois é muito maior do que o sonho. A gente também pode nem reconhecer, pois ainda somos pequenos e nos apegamos às ideias. Estou grávida e não sinto que serei mãe quando der à luz Ignácio. Eu sou mãe desde sua fecundação. Ser mãe para mim é abdicar de nós para ser para o outro, é um amor que nenhum conto de fadas contou até agora, pois para falar do amor sublime que Deus nos concede junto à maternidade, seria conto de anjos, pois as fadas seriam pouco. 
Além de sentir um amor que nada até agora se equipara, me ver mãe, gerando uma vida, me faz olhar para a minha mãe todos os dias com outros olhos. Nossa história é praticamente a mesma com a primeira gravidez e ter a dor na nossa pele é muito diferente de ouvir a história. Então, eu que sempre valorizei minha mãe demais, sei que não há valor a ser dado pelo que ela fez e faz por mim todos os dias. Reforcei em mim a ideia de que os laços do amor, do carinho e da amizade independem de sangue, pois o que mais vale é o espírito, pois ele sim é eterno. E reforcei também que o amor é uma plantinha, só precisa de água e Sol para crescer e florescer, pois de resto ele faz o trabalho sozinho, tira da terra em que foi plantado, o coração.
A hora do meu Ignácio nascer está chegando e durante a gravidez inteira eu nunca estive tão calma, o que causa espanto em muitos. É que a luta até aqui foi árdua e o nascimento marca, com muito vigor, uma nova fase da minha vida que ao mesmo tempo em que assusta, me faz olhar para os céus e agradecer desde a água que bebo até a maior das dores, pois eu entendi que Deus me confiou uma vida que vai depender de mim por muito tempo e tenho a missão de ajudar a formar um caráter, melhorar um espírito. Dá um medo, mas ao mesmo tempo, um sentimento de gratidão, pois Ele está me confiando um de seus filhos, uma criatura Sua para que eu o ajude a tomar conta, sendo assim, não há nervosismo que chegue e fui invadida pela calmaria do amor de Deus.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Celestial

Estive junto a você, mas sem poder tocar, a não ser com palavras... Esbarrar na sua mão de quando em vez e passear as mãos nas suas costas como se fosse acidentalmente, porém com o intuito de guardar seu cheiro em mim... Conversar quase sem olhar nos seus olhos com medo de que os meus me entregassem numa traição e aproveitando para fazer uma memória de cada som que sua voz produziu. 
De repente chegou sua risada. Eu tinha feito questão de esquecê-la, pois era uma das coisas que eu mais gostava, então reprimi qualquer memória para que a saudade não fizesse morada. Quando a ouvi, arrepiei-me dos pés à cabeça num calor que foi passando e trazendo toda memória à tona. 


Na despedida abracei-lhe num ímpeto que veio do coração. Senti seu toque e de novo seu corpo contra o meu. 

Daí peguei uma nuvem e voltei para casa, pois nas alturas  em que cheguei, não tinha como vir por nada que não fosse celestial...