domingo, 29 de janeiro de 2012

Cheia de mim!

Estou “cheia de mim” por conta dessa gravidez e ao mesmo tempo por ser cheia de outro. Feliz, pois agora sou um Universo, o mundo do meu pequeno Ignácio. Mulher já nasce com instinto maternal, dizem, mas nada se compara a ver meu corpo crescer para fazer um outro corpo. Mulher sofre demais na sociedade machista em que vivemos, mas nenhum homem que se ache o mais poderoso de todos vai ter em si o poder de gerar uma vida. Então, todos os incômodos, preceitos e preconceitos do mundo feminino perdem a importância quando meu filho mexe em mim, quando dá a hora de tomarmos café no dia da minha folga ele mexe, mexe e mexe até eu acordar. Falta falar: “Mãe, tô com fome!” Eu levanto, como e volto a dormir. 
Dormi de bruços a vida inteirinha, mas agora não dá mais e até acostumar, as olheiras ficaram profundas, truque com travesseiros e edredons para fingir que é de bruços. 
Tomando tantos remédios e com tantos cuidados pelo fato da gravidez ser de alto risco. Tem uma música que gosto bastante onde o cantor/autor diz: “Deus, obrigado pela dor, pela saúde!” E eu entendo, pois é da dor que tiramos as maiores lições e é nela também que valorizamos a saúde. Todos os dias, em minhas orações, eu agradeço pelos inúmeros sufocos dessa gestação, tanto na saúde quanto nas questões sociais. Eu estou feliz e plena. Quantas mulheres passam a vida tentando ter seus filhos e não conseguem? Eu consegui, num “acidente”, mas consegui. Acidente? Não, Deus sabe de todas as coisas e nem uma folha cai duma árvore se não for da vontade dEle. Ignácio vem na hora que tem de vir. Fiquei muitíssimo assustada, mas agora só sei fazer sorrir. Estou vendo o mundo num tom cor de rosa onde tudo é amor! Ao mesmo tempo, estou sem paciência para coisas que vinham se arrastando pela vida e estou eliminando o que não me trazia nada de bom, pois agora eu serei o exemplo e dá muito medo de errar. Não que eu vá ser uma mãe perfeita, dessas de ficção, mas aquilo que eu consigo enxergar como errado, estou retirando, pois agora terei um caráter além do meu para ajudar a formar. 
Sendo assim, isso tudo é só para desejar a todos que lerem isso uma excelente semana! Que o amor que eu sinto hoje por essa dádiva, por essa benção que Deus me confiou, possa invadir seus lares e principalmente seus corações. Um beijo!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Saravá e amém!!!

Sou kardecista! Quando falo isso perto de pessoas de certas religiões, rola um preconceito, mas tudo bem para mim, pois sei que o preconceito nasce da ignorância, do não saber. Dia desses me perguntaram qual era o meu Deus! Deus, ué! O mesmo que o seu! É o mesmo Deus, o mesmo mestre Jesus! Eu morro de rir! Acho que a pessoa pensa que pudesse haver um Buda, Shiva, não sei... Primeiro pensam que é algo ligado à macumba, pois eu falo de tudo. Outra coisa que me perguntam muito é se sou evangélica, pois se alguém fala algo e o ambiente pesa eu digo: "Está repreendido!" Ao mesmo tempo, adoro uma música que fale da curimba! O som dos dialetos africanos me soa bem... Então, eu falo mesmo! 
Dia desses minha mãe me ouviu cantar um samba cheio de menções às religiões africanas e fez: "Ih!!!" Engraçado é que ela já foi curimbeira, evangélica e etc. Principalmente etc. Deveria ser mais flexível, mas eu finjo que não ouvi! Gosto e pronto! Não que eu vá despachar ebó na esquina ou pôr a bíblia debaixo do braço aos domingos. Só que eu sou ecumênica e para mim, se é para o bem: Saravá e amém!!!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Lei do retorno

Uma amiga minha, assim por mensagem, acho que para não expôr a situação, me aconselhou a não ficar maldizendo o pai do meu filhote. Acontece que eu não o maldigo! Eu apenas digo o que ele fez e continua fazendo. Eu contei sobre nosso filho, ele falou em aborto e até hoje não ligou ou mandou mensagem, sinal de fumaça... Acho que de alguma forma essa amiga tomou para si a vergonha que é essa situação. Vergonha para mim??? Não, não! Dia desses me deram os parabéns, pois muitas em meu lugar tirariam a vida desse filho. Para mim é uma vitória. Passei e passo por muitas devido a essa gravidez de alto risco: rodei de hospital em hospital, fui jogada daqui pra ali, sem o amparo daquele que deveria ser meu apoio. E não que eu pensei que o dito cujo devesse casar comigo e constituir família. Não! Até porque eu sempre soube que desse mato não sairia coelho e eu nunca fui mulher de sonhar com a brincadeira da casinha. Sempre tive uma visão mais prática, até meio masculina, mas eu falo em como pode um camarada que já tem uma filha e diz ter tanto amor por ela, mandar matar um outro filho. Porque não, assim como corre certa fábula na internet, matar aquela que já vive e tem seus 4 ou 5 anos. É menos um risco, seria mais fácil. Deus livre! Eu só fico impressionada com tamanha covardia! Tirar a vida de alguém que nem pode se defender. Eu não tomo nem remédio para dor de cabeça para que não afete o bebê e ele querendo que eu enfiasse algo que triturasse meu pequeno. Graças ao Pai, esse ser cresce em mim, pois já imaginou se fosse nele e ele sumisse e me reaparecesse sem meu filho no ventre??? Acho que me faria endoidecer. Ainda bem que ele cresce em quem o quer e o ama, pois apesar de nós mulheres já nascermos com aquele instinto maternal, ele parece se multiplicar ao infinito quando o barrigão começa a crescer. Apesar dos milhões de desconfortos da gravidez, que nem caberia aqui contar, a vida fica num tom adocicado e parece que o amor emana de nós. 
Então, no fim de tudo, eu tenho é pena daquele sujeito, pois eu confio na lei do retorno e num caso como esse ela é tão cruel. Não que Deus castigue, isso não existe, mas Ele faz tudo o que jogamos voltar para nós. E para quem quer tirar uma vida, nossa, penso eu, vai sofrer numa sobrevida triste, infeliz.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Artificialmente

Ontem de manhã, esperando a condução para ir trabalhar, veio em minha direção uma moça jovem com silicone nos seios. Era escandalosamente visível! Ela tinha um corpinho daqueles que os antigos chamariam de jeitoso, não era magra nem gorda, era toda bem distribuída, mas aqueles peitos enormes e duros estavam gritantes! 
Ela estava com uma blusa de uma alça só. Enquanto andava, tudo nela balança junto com seu caminhar: barriga, bochechas, pernas, todas as carnes tremiam, menos os peitos. Ela era baixinha e acho que pôs uns 500 ml em cada seio. A blusa escorregava, pois acompanhava seu andar, mas os peitos ali, duros, pareciam de manequim de vitrine, então a todo instante ela tinha de suspender o lado da blusa em que não tinha alça, pois para aquela blusinha, era impossível se moldar aos peitos! 
Todos na rua olhavam para ela. Eu achei graça e comecei a rir, mas nela sentia-se nitidamente um orgulho dos peitos. Só que estavam beirando o ridículo de tão exagerados. 
Daí isso me pôs a pensar outra coisa, como nós estamos escravos da beleza, não? Certa vez me disseram: "Eu sou tudo o que disserem de mim e ao mesmo tempo não, pois para você eu sou bacana, mas para o outro eu posso ser um chato sem fim." Então, eu percebi que padrões de beleza são inválidos, pois não adiantaria as mulatas quererem ser louras platinadas com lentes verdes, tudo artificial. Deixariam aqueles que gostam de multas órfãos. Não que não devamos nos cuidar, eu sou até bem vaidosa, mas temos de achar um limite para tudo isso, pois quando fazemos algo para melhorarmos e aquilo fica visível, se destaca de nós e chama a atenção sozinho. Aí a gente some e só aparece aquilo, como objeto de adorno. Assim como os peitões da menina baixinha... Eu sou louca para fazer um nariz novo, mas ao mesmo tempo penso: "Sem ele não serei totalmente eu!" Uma das partes de mim é implicar com meu nariz. Seu eu corrigi-lo, a única coisa em mim que me incomoda, eu não vou ter mais do que reclamar e se achar perfeitinha deve ser um saco, ou então, gostar tanto do nariz novo e ficar olhando no espelho incansavelmente, eu ficaria com nojo de mim mesma. Acho que depois da peitudinha do silicone, vou deixar assim.
  

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A moça gorda e seu bolinho

Hoje fui à minha consulta do pré-natal. Então, peguei um ônibus diferente. Um monte de desconhecidos. Não que eu conheça todos na linha em que pego habitualmente, mas os rostos se tornam familiares. 
Numa certa altura, entrou na condução uma moça gorda com duas bolsas grandes e cheias: uma feminina e uma mochila. Pediu-me licença, pois eu estava na beira e ela quis sentar no canto, dei passagem. Ela era inquieta, mexia nos milhares de bolsos o tempo todo. Parecia que estava tentando evitar alguma coisa. Tentativas infelizes! 
Puxou de um daqueles compartimentos um pacote com um bolinho de baunilha recheado com chocolate. Devorou numa fração de segundos. Depois a fitei olhando o valor energético na embalagem. 
Sorri para mim mesma e se ela lesse pensamentos, me ouviria dizer: "Querida, agora não adianta mais!" Acho que ela ficou com raiva de si mesma por ter comido o bolinho tão calórico e começou a dobrar o plástico com uma força que me espantou. Quando chegou na menor parte possível, ela ficou apertando por um bom tempo. Depois enfiou numa das bolsas. Acho que cansou de lutar contra a culpa!
Seja na alimentação ou em qualquer outro ramo, quem nunca peca para sentir uma culpinha, por mais boba que seja, perde o sabor do prazer da traquinagem.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

"Mãe, tô aqui com você!"

Eu estou horrível!!! É isso que me vem à cabeça toda vez que me olho no espelho. O cabelo anda ressecado, a pele brilhando demais, meu umbigo está vindo para fora, uma listra escura está na minha barriga de ponta a ponta, os bicos dos seios estão num tom de açaí concentrado, já aparecem umas estrias aqui e ali, ainda tímidas, mas presentes, os pêlos e unhas crescem na velocidade da luz, enfim: Estou horrorosa!!!
Cada vez que começo a desanimar com minha aparência, uma coisa que sempre cuidei tanto, Ignácio dá uma pirueta na minha barriga com força tamanha que até assusta. Parece que eu ouço ele dizer: "Mãe, tô aqui com você!" Mais do que comigo, em mim... Daí eu desamarro a cara e dou um sorriso, levo a mão à barriga... Eu tenho um pânico de como é veloz como o corpo cresce, se transforma. Fico pensando que nunca mais ele vai voltar pro lugar, que nunca mais uma roupa vai ficar direito, daí ele dá mais uma mexidinha e eu desmancho toda. 
Estou de mudança e arrumando os móveis, peguei as roupinhas que a vovó deu de presente para ele. De repente me deu uma vontade de que ele nascesse logo, antes eu tinha medo, adorava a demora do tempo, mas às vezes eu fico louca para ver a carinha dele logo, saber que cheirinho ele vai ter, afogá-lo nos peitões que estão se expandido para ele mesmo. Imaginar aquele ruidinho que é meio do sugar e meio da respiração, vê-lo dormir, ouvi-lo chorar e saber do que é choro, pois mãe sempre sabe.
Mãe! Eu ainda me acho tão menina e agora mãe! É uma coisa duma responsabilidade que até assusta. Ter de ser o exemplo, a força, o colo, o chamego, o abrigo. Será que eu consigo? Sempre acho que não e nos meus medos parece que a força têm vindo dele. Cada medo que dá, vem sua mexida e é como o afago.
Não existe uma cartilha para ser mãe, mas a força do amor que nos invade com essa dádiva ensina mais do que qualquer escola que ousasse existir.