Rio de Janeiro, 22 de julho de 2010.
Hoje eu vim no ônibus sem meus óculos escuros. O Sol me cegava. Eu tentava ler o livro e o Sol "atrapalhando", meus olhos ardendo, lacrimejando, eu fiquei irritada e... me rendi. Fechei os olhos e entendi. O Sol era a luz para eu ler as letras da história melhor.
Quando eu cheguei ao jardim do méier, parei a leitura, levantei os olhos e vi uma família de moradores de rua, pai, mãe e um filhinho de mais ou menos quatro anos. O pai, com o filho nos ombros, brincava e o menino ria feliz e a mãe olhava e ria, e ria, e brincava com eles mesmo sentadinha. Eu sorri do ônibus e me peguei pensando se eles teriam motivos para serem felizes. Sem casa ou comida ou carro. Tinham! O filho tinha o amor do pai, amor tamanho de brincar na rua, mesmo sem ter uma casa com portão para ir lá esperar esse pai chegar do trabalho, mesmo sem brinquedos, mesmo sem ter tomado café. E o pai tinha paixão em brincar com aquele filho que é pleno de amor. Não consegui retomar a leitura pelo resto da viagem. Fiquei com vontade de descer do ônibus para brincar com eles, mas vim trabalhar e minha parte na brincadeira é falar sobre isso, escrever sobre isso e não esquecer disso, nunca.
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