Meu cabelo anda num eterno coque, nítido que não anda penteado. As olheiras deixaram de ser algo leve e estão em degradê de cores que eu nem sabia que existia para elas. Sobrancelhas precisando ser limpas, flacidez pelo corpo, uma barriga meio inchada e meio murchinha. Os seios pesados e com veias tão verdes que o deixam com aspecto feio de melancia. Os banhos andam curtos, bem diferentes daqueles antes que eram preocupados com a estética, agora é só para limpar mesmo. Os dentes, a mesma coisa. Nada de procurar pela brancura e sim, sentir a boca limpa e pronto. Os cremes por esses dias foram deixados de lado. Coisa que se eu contar, ninguém acredita. As refeições começam quentes, abandono e quando volto, termina de comer já gelada. As unhas já nem existem mais, debaixo de tanta pele só são lixadas, cortadas e escovadas. Estou com uma aparência de adoentada e ainda assim estou linda. Nada convencional, estou uma pessoa linda. Noites mal dormidas, criança chorando e acordando de duas em duas horas, dor nos pontos inevitáveis do parto, dor na tal da bacia que não volta ligeiro pro lugar e a todo instante parece que vai "transbordar". É que em meio a tudo isso há um gigante. Um gigante de 52 cm. Uma preciosidade que eu pego nos braços e ainda tenho dúvidas se fui eu que fiz mesmo, se é realmente meu.
Quando o corpo pensa em desistir, se entregar ao cansaço, ter saudades do tempo que o cuidado era só com ele, eu dou um cheirinho na cabeça do meu neném, olho ele dormir e o vejo sorrir sonhando e pronto, é uma recarga nas energias que não tem tamanho. O bercinho dele ficou no quarto de minha mãe e na noite passada, com os pontos doendo muito, não sei como, quando ele deu um choro, pulei do meio da cama direto para o chão. Não cheguei nem a me posicionar na beira. É a força do amor, é a força do amor de mãe. Ver que, mais do que nunca, a beleza vem de dentro. Hoje eu sou linda porque o melhor de mim saiu e tem os olhos de jabuticaba que prendem toda a atenção. O melhor de mim tem como voz só o choro e com ele consegue tudo o que quer. Agarra meus seios para se alimentar e suga, machucando, mas toda dor fica pequena ao ver que ele adormece em meio às mamadas e suspira profundo. Quem está dando os banhos é a vovó e ele já conhece minha voz e se chego e falo alguma coisa, ele faz manha e ensaia um choro. Agora ele está dormindo e a noite é curta. Acorda de duas em duas, três em três horas no máximo. Só que olhar no relógio e ver que dei conta de mais um dos primeiros dias, traz uma força tamanha e, de novo, me faz linda, no ser.
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