quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O céu do rouxinol

Já quis dizer que perdi você, mas aprendi que nunca lhe possuí, então, perder-lhe é impossível.
Aprendi que amor acaba, que dor aumenta e também que é da dor que vêm as maiores lições.
Entendi que medo não é coisa de filme de terror, é algo que nasce e cresce dentro da gente e como erva-daninha, é ruim de dar fim.
Percebi que o quê me pertence é apenas a nossa história, boa ou ruim, todas são válidas, pois tudo é aprendizado e só não vê quem não quer.
Larguei mão da vergonha e sei de cor a maneira de dizer o que sinto e sei também que não é o fim do mundo se o retorno não é o esperado. É calar e agradecer pela voz e pela oportunidade de falar. 
Entendi também que por vezes é bom calar, mas a gente só aprende isso conforme vai falando. É ponderar o que deve ser dito e o que deve ser guardado.
Destranquei a gaiola e deixei meu beija-flor partir. Quis chorar, porém sei que seu lugar é a imensidão do céu e isso não quer dizer que você me desamou, mas que o seu viver é voar por entre as flores.
Sorri! E como na canção, uma lágrima molhou o meu sorriso e no seu canto, de beija-flor, rouxinol. 
De quando em vez ouço seu canto cantar noutras paisagens, tento me entristecer, mas num rasante você se exibe em meu quintal, bate as asas em meu rosto e traz os ares de onde foi, até nos arcos-íris.
Tentei chamar-lhe num assovio, mas o silêncio foi minha resposta e meu coração ficou pequenininho. Quando cansei de chamar, dias e dias, me pus em silêncio e então eis que o brilhantismo de suas asas se apresentou. De novo, os ares por onde passa foram meu deleite.
Então, aprendi que você vive noutro passo e que o quê quero de você não é aquilo que tem para dar.
Sendo assim, por amor, aprendi a guardar seu sabor até o próximo voo e entendi que sua alma vive noutra dimensão e fico feliz por poder ter sua visita na minha.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Amor que é amor

Amor que é amor vem e a gente nem sabe de onde.
Amor que é amor faz a gente brigar por achar que o outro deve caber exatamente nas nossas vontades e depois da briga, o sorriso e faz mais amor para as pazes.
É uma plantinha que deve ser regada todos os dias, mas que mesmo distante deixa a raíz e de quando em vez quer florescer.
Quando a gente ama só pensa na pessoa uma vez por dia: da hora que acorda até hora em que vai dormir.
Vê o cantor favorito do outro e já traz à tona milhões de vezes que aconteceram e outras milhões que a gente gostaria que tivessem acontecido.
Amor que é amor traz saudade, vontade de estar perto e ao mesmo tempo querer o bem do amado, mesmo que esse bem seja muito além de aqui.
Amor que é amor tem desentendimento porque é forte, porque é intenso.
Amor que é amor faz a gente rir e cantarolar em qualquer hora, em qualquer lugar.
Amor que é amor faz a gente se sentir ridícula por alguma bobagem dita ou algum sentimento infantil.
Deixa a gente suscetível e nos faz acreditar nas mentiras mais fantasiosas porque amor que é amor nos leva a um mundo lúdico. 
Depois a gente fica com raiva da gente mesmo e se sente bobo, porém no fundo, gostaria de voltar àquelas bobagens.
Amor que é amor faz a gente esquecer o porquê da raiva de ontem pelo outro e faz a gente sorrir ao vê-lo e o coração disparar.
Amor que é amor traz um infinito em seus matizes, basta receber aquele telefonema e aos ouvidos ser apresentado o melhor som de todos: sua voz.
Amor que é amor perdoa e em todo momento tem força para assentar uma mágoa e lançar-se num recomeço.
Amor que é amor o é em sua plenitude. Até tem suas particularidades, mas não tem seus porquês...

sábado, 8 de outubro de 2011

Souvenires

Tantas coisas passam pelo dia. 
Tem dia que meu dia deveria ter mais de 24 horas. 
Tem vida em que minha vida quereria ser mais de uma. 
Tem eu em momentos que quereria ser duas ou mais.
Hoje eu sou mais que uma, mas depois vou voltar atrás.
Ontem reli e-mails passados, pois cartas de próprio punho já não se fazem mais.
Resta saber onde acabou porque ao passo que leio, passo para trás da pilha e num dado momento o primeiro é o último e já nem sei se estou relendo mais de uma vez no mesmo dia ou se me recordo de ter lido só quando recebi.
Sendo assim, leio e releio até os olhos se exaurirem e implorarem por descanso.
Já me disseram que ficar relembrando tudo isso propositalmente é uma espécie de masoquismo. Para mim não. Não me causa sofrimento. É um acalanto ao coração. 
Dia desses me peguei procurando um porquê de tê-lo vivido se passou, mas mais na frente eu entendi que é melhor eu ter tido essa experiência sublime do que passar em brancas nuvens.
Não tenho de lamentar por ter passado e sim agradecer por ter vivido, pois muita gente nem alcança as sensações por onde meu coração já passou.
Então, me desfaço dos queixumes e balbucio agradecimentos aos céus.
Quanto às cartas eletrônicas, são souvenires amados da viagem que fiz por sentimentos que me engrandeceram e eu aprendi que aquilo que é bom a gente não joga fora, guarda com carinho.