quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Merendar

Ontem eu fui à praia com uma amiga queridíssima. Voltei para casa e fiquei com um calorzinho pelo corpo. Se instalou um verão dentro do inverno. Antes de dormir, deitei de ponta cabeça na cama. Com o ar que só a praia tem, meus cachos se definiram como nunca numa felicidade infinda. Fiquei passando a mão e enrolando. Adormeci do lado contrário, pois no verão não há regras. Tem aquela cara de férias escolares e a hora voa de um jeito muito gostoso e, por mais que por uns dias dele a gente vá às aulas, parece que a hora da merenda chega mais rápido. 
Dormi de ponta-cabeça e acordei mais leve, pois o verão não tem obrigatoriedades. A gente vai flutuando na quentura do dia e quando vê, já foi. No verão as raivas passam rapidamente porque a gente fica criança e corta de mal e de bem e só precisa dos mindinhos.
De manhã assisti aos desenhos, pois nesses dias a gente fica em frente à tv pela manhã toda e vemos que ela é pouca quando acaba. De tarde, se não tem praia a gente inventa uma piscina no quintal para aproveitar o Sol.
Independentemente do que nos cerca, nesse verão fora de época, nenhuma sensação é mais gostosa do que aquela que fica gravada dentro da gente. 
É um calor de ser inteiro e levado, é um calor na essência da gente, é um calor humano!

domingo, 14 de agosto de 2011

De vizinhos de escova de dentes a futuros amantes

Estou aqui!
Aqui no sofá, com meu cobertor cor-de-rosa (há quanto tempo eu não falo cor-de-rosa, tão pueril), assistindo ao canal 2, TvBrasil, acho que só eu com essa idade biológica assiste à TvBrasil. Está passando um filme que prega que o amor num casamento tem prazo de validade. Me vi ali. Ali quando nosso marido vira um vizinho de escova de dentes. Será que toda relação finda? Sei lá eu!
Hoje eu estou num passo lento, estou muito aérea e parece que o mundo sentiu! Meu telefone que todos os dias toca incessantemente, e quando estou falando, entra chamada em espera, mais um pouco toca o celular, e mensagem, e tudo o mais, hoje não tocou.
Hoje o fio não bateu daqui para lá nem de lá para cá! Lá onde eu nem sei, só sei que não bateu... E foi melhor assim.
Hoje eu estou sem assunto até para pensar! Estou escrevendo e parando porque o filme está prendendo minha atenção.
Sentei aqui com um pacote de biscoitos e meu inseparável copo dágua e estou tão aérea que o conteúdo dos dois acabou e eu ficava pegando de novo, sem preceber que tinham acabado.
Hoje estou num dramalhão tal e qual um tango argentino. Não estou triste, não estou analisando a vida, eu só estou melancólica.
O dia foi-se todo amarelinho no sussurro macio que o Sol deu. à noite soprou uma brisa quentinha que adentra a toda hora pelas janelas que me recuso a fechar.
Nos créditos do filme os ares da minha casa foram invadidos por Futuros amantes do Chico, então eu vi que não precisava escrever mais nada.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Pai

Está chegando! Domingo é dia dos papais... Nossa sociedade é machista, mas o dia das mães, depois do natal, é a data que mais tem destaque... E os pais? Tudo bem que eu penso que o homem só fornece metade do material, a outra metade, as mães e todo o trabalho que se segue também, no entanto ser pai é mais do que isso. Ser pai ou mãe, para mim, é cuidar, saber que um alguém vai depender de você por toda a vida de diferentes maneiras. Quando somos crianças o pai e a mãe estão para nos ensinar tudo no mundo em que acabamos de chegar, desde amarrar os sapatos até andar de bicicleta, de segurar um lápis a segurar um talher, atravessar a rua, pegar um ônibus, soprar um machucado quando a gente se rala numa brincadeira e chora. 
Pai e mãe estão ali para ensinarem o que sabem do mundo deles e de todo o resto. Eles se fazem melhores, pois agora tem gente que precisa deles. Tudo tem de ser pensado mais de uma vez, nada pode mais ser num rompante, nada pode ser impulsivo: "Alguém lá em casa precisa de mim!" A gente não tolera muita coisa, briga por coisas mais bobas, porém se chega alguém com aquela mãozinha com covinhas e faz algo que não permitimos mais ninguém fazer, a gente atura e até gosta. A gente ri, pois criança é para essas coisas e mais do que isso, é o auxílio para o nosso exercício da tolerância particular. 
Eu não tenho filhos, mas pego as da minha irmã emprestadas e é exatamente assim. Fico com o coração cheio ao ouvir um "Tia!", imagino se quem ouve um "Pai!", "Mãe!" consegue ficar mais feliz ainda. Acho impossível... É de uma plenitude imbatível. 
Das pessoas que lerem isso, algumas terão seu domingo com os pais, outras não tem seu pai mais nesse plano, outras têm, mas não têm contato e penso: será que esse não é um momento propício para tentarmos nos aproximar? Não falo isso como quem vê de fora, falo de cadeira, minha relação com papai é distante, mas por esses dias eu tenho me chegado a ele. Carência? Não, dessa fase eu já passei, entretanto andei pensando e ninguém vem pai e filha à toa e se o pai se afastou de nós, pode partir de nós a tentativa de reaproximação. Sei também que pensamos ser responsabilidade do pai se aproximar, ele que nos pôs no mundo, mas ele é humano assim como nós. Passei a pensar nisso analisando meus próprios erros e vi que não interessa de onde vem o carinho, o amor, ele tem de vir e alguém dá o primeiro passo. Por que não eu? 
Então, aos amigos que são pais e têm seus filhos distantes e aos filhos que têm alguma mágoa de seus pais, não será essa uma boa oportunidade para darmos o primeiro passo? É dia dos pais! Não devemos usar essa data apenas para comprar presentes, o comercial é o que menos importa, penso que deve ser uma chance de declararmos o amor ou a dor aos nossos papais e resolvermos tudo, pois errar é humano e perdoar é divino. Antes de cobrarmos a postura do outro que tal analisarmos a nossa própria?
Feliz dia dos pais a todos. Àqueles que são pais e a todos nós que somos filhos!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Madrugada

Eu acordei à uma da madrugada essa noite porque Caê foi ao Jô, cantando alto e eu havia adormecido com a tv com muito volume. Eu sempre me culpo por adormecer com a tv me assistindo nessas alturas, mas hoje eu dei graças. Dia desses um amigo veio me corrigir porque eu disse que madrugada é noite, mas eu aprendi com Tia Nilza que um dia, em suas vinte e quatro horas, é dividido em duas partes de doze horas cada, uma parte era dia e a outra noite. Então, ela ensinou que das seis da manhã às dezoito horas é dia, das dezoito às seis da manhã, noite. Eu não entendo porque dizem às seis da tarde se assim que essa hora se completa é noite. Numa madrugada dessas, voltando dum show, entrei num táxi e cumprimentei o motorista desejando-lhe boa noite. Ele me respondeu com um tom corretivo e sonoro: "Bom dia!" Onde? Eram três da madrugada! O céu estava num manto negro estrelado, sem indício do amanhecer. Vai entender! Se às dezoito ainda é tarde para quase todos, se a madrugada virou manhã, sinal de que as noites acabarão? Não é tão fácil assim. É meu período predileto. Vou organizar um movimento em prol da noite. São nelas que o melhor da vida acontece. Pelo menos na minha vida... Por que querem acabar com ela então? Muito egoísmo de quem é diurno. Eu sou noturna, ora bolas... Por que essa história começou com o Jô e o Caê? É porque o Caê fala tudo o que tem vontade do alto de uma inteligência ímpar e tem umas manias bem esquisitas. Eu também sou cheia de manias, a inteligência dele eu fico devendo, mas sei que fiquei com vontade de contar... 
Com tudo isso, eu quis dizer que a gente tem de lutar por defender aquilo que ama, acredita e crê. Lutar por nossas paixões, dias e crenças... Tentar parar de ir com a maré, mesmo que sejamos taxados de loucos, mesmo que digam que vamos endoidecer... Como o próprio Caê já disse: "De perto ninguém é normal!"