domingo, 29 de julho de 2012

"Não, eu quero uma ismãzinha!"



"Não, eu quero uma ismãzinha!" 
Era assim que você respondia à minha prima quando ela ficava lhe atiçando, dizendo que eu seria um menino.  Pois é, ismã, eu vim de acordo com a vontade do Pai, atendendo ao seu desejo de ter uma irmã com quem brincar, conversar... Em princípio, claro, a gente brigava de se enrolar no chão, afinal, criança é para isso! Ficamos sem nos falar e volta e meia ainda temos nossas rusgas, mas cada vez conseguimos ficar menos tempo longe porque família precisa estar sempre perto. Por esses dias eu tenho pensado muito na nossa infância na pequena casa da rua Narciso e me vem à memória como ficávamos sozinhas. Você, que ainda era tão criança, tinha a responsabilidade de cuidar da casa, de você mesma e de mim. Então, passávamos pelo começo da Amandiú, rua em que mora até hoje nossa avó, e uns meninos mexiam com você, chamavam por apelidos, aquela crueldade que é peculiar de muitas crianças, e eu prontamente respondia, dizia que isso ou aquilo era a mãe deles, os chamava de imbecis e achava que não apanhava por ter enfrentado. Hoje sei que era por ser pequena demais e menina, ainda assim, sei que era o jeito de a gente se cuidar e de eu retribuir seus cuidados comigo.
Há poucos anos, moramos ao lado da casa das gêmeas e a mãe delas, dona Zita, por muitas vezes me disse: "Eu achava lindo quando vocês passavam aqui crianças. Sua irmã segurava sua mão com firmeza, como se estivesse carregando seu bem mais precioso." 

É isso, nossa história até aqui é a pequena parte do nosso maior e mais precioso bem, nosso amor de ismã!

domingo, 8 de julho de 2012

Feliz ao seu lado

Minha vida é mais feliz ao seu lado. Seus olhos amendoados e como sorri ao me ver, saber que tem no meu colo o seu conforto e que meu abraço é um acalento para as suas aflições, são pequenas doses de combustível para minh'alma todos os dias. 
Durante as refeições, perco-me fazendo diversas coisas, mas basta esbarrar meu olhar no seu e perceber que estava há tempos me fitando que paro o que for e uso apenas os olhos para dizer que amo você, sem me utilizar da voz. Nunca estive tão aflita, pois quero ser o melhor de mim para ser para você. Sempre orei aos céus pedindo que meus passos fossem abençoados, só que agora peço que sejam firmes para acompanharem seu andar. E antes de deitar, nas últimas preces, peço que antes de ter o que roguei, que eu seja merecedora de tudo. Você me fez impaciente com o trivial e aplicada nos deveres. Passei a calar quando me machucam e a lutar com forças que nem sei de onde vêm se algo ou alguém ousa lhe fazer algo que fuja do divino. 

Depois de você a vida passou a ter mais sentido e quase não lembro dela antes, ficou vazia, sem respostas. Já tentei descobrir o que é isso, que nome tem e vi que não tem como descrever apenas como um sentimento, é uma ação, causada e sofrida, é uma força, um sentido e uma vida, é você, meu filho, minha cria.